O rico que não é besta
Tem muito, mas compra pouco
Pra se livrar do sufoco
Só põe um pouco na cesta
Mesmo sabendo que é sexta
Pratica o economês
Dizendo já sou freguês
Mas guarde esse sigilo
A carne compra de quilo
E divide para o mês
O pobre é amostrado
Ganha pouco e compra mais
Economizar, jamais...
Só vive endividado
Comprando tudo fiado
Pensando que é burguês
Fala mal o português
É bravo e não tem estilo
De carne compra um quilo
E come todo d’uma vez
E quem tem muito dinheiro
Mesmo assim, economiza,
E não vive só de brisa
Trabalha o dia inteiro
Mesmo o filho do banqueiro
Se porta como cortês
Seus filhos são dois ou três
Não comem isso ou aquilo
A carne compra de quilo
E divide para o mês
O infeliz quando recebe
O seu pequeno salário
Vai no caminho contrário
Tudo de cana ele bebe
Se esquece que é da plebe
Eu vou contar pra vocês
Nunca sai da escassez
Só vive dando vacilo
De carne compra um quilo
E come todo d’uma vez
Riqueza é pra quem pode
Comer de tudo e do bom
Compra e ganha cupom
Sem ninguém que incomode
Grana pra cima sacode
Na
fazenda tem mil "rês"
Sem ligar para os porquês
Vivendo sempre tranquilo
A carne compra de quilo
E divide para o mês
O indigente só vive
Porque pensa que é gente
Esquece que é carente
Busca algo que motive
E das dívidas o esquive
O seu jeito descortês
Mesmo sendo camponês
É magro que nem um grilo
De carne compra um quilo
E come todo d’uma vez
Poesia De Heliezer Souza e Heleno Trajano
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