Mariana Dantas
Heitor é um menino de três anos que tem uma boneca bebê e brinca de casinha. A pequena Nina, 6, adora jogar futebol. As irmãs Lily e Maya, 3 e 1, gostam de montar carrinhos usando peças de Lego. Sabe o que essas crianças têm em comum? Na casa delas não existe “brinquedo de menino e de menina”. Seus pais buscam educá-las longe dos “padrões sociais” por acreditarem ser regras meramente sexistas que contribuem para a perpetuação do machismo.
“Diferentemente do que muitos pensam, cor e brinquedos não definem gênero e orientação sexual. Ofereço todas as possibilidades ao meu filho. Ele adora carrinho e super-heróis, mas também gosta de brincar de varrer a casa, lavar os pratos e cuidar do seu bebê. E sei que isso contribui com a sua formação”, afirma a professora e jornalista Isabelle Sarmento, 32. Ela também conta que, por diversas vezes, já recebeu críticas de amigos e parentes por pensar dessa forma.
Segundo o antropólogo Sirley Vieira está comprovado que essas diferenciações impostas pela sociedade causam prejuízos na vida de mulheres e de homens. “A questão das cores, por exemplo, aparentemente é uma besteira, mas não é. A sociedade atribui a cor rosa à representação da delicadeza, suavidade e fragilidade. Já a cor azul é considerada mais forte, séria, fechada. Consequentemente, esses valores são repassados como padrão para os meninos e meninas”, explica Sirley Vieira, que também é coordenador executivo do Instituto Papai, ONG que trabalha com adolescentes e jovens questões de violência de gênero, paternidade e igualdade entre homens e mulheres.
O antropólogo explica ainda que, além de cores e brinquedos, os pais também repassam, mesmo sem perceber, vários comportamentos machistas para os filhos. “O menino pode sentar de perna aberta e não é criticado. Já a menina é repreendida quando age da mesma forma. Ou seja, o menino tem que mostrar a sexualidade, mas a menina deve se esconder o tempo todo. Isso pode causar problemas no futuro para a menina, que pode ter sua sexualidade reprimida. E também em relação ao entendimento do menino sobre sexo, com risco de refletir na violência sexual. Ele pode entender que precisa mostrar sua virilidade a todo custo, mesmo que a mulher não esteja disposta”, argumenta.
Feminista e educadora da ong SOS Corpo, Verônica Ferreira afirma que todos nós somos contaminados pelo machismo e por isso é importante repensar sobre nossas atitudes. "Somos vítimas de uma cultura patriarcal. O machismo se reproduz também entre as próprias mulheres, quando, por exemplo, uma critica a outra ou se auto-reprime. É por isso que uma das coisas mais poderosas do feminismo é a de poder fazer de você mesma o resultado da sua luta. Ao educar seus filhos longe de estereótipos sexistas, essas mães contribuem para um mundo igualitário."
Mãe das pequenas Lily e Maya, a advogada Wendy Fellows, 35, afirma que ela e o marido buscam desconstruir o que acham negativo na educação que receberam. “Educar é dar exemplo. Eu e meu marido dividimos nossas obrigações domésticas e também as nossas responsabilidades na educação das nossas filhas”, disse.
AVANÇOS - Apesar da luta contra o machismo ainda estar longe de ser vencida, a feminista Verônica Ferreira avalia que houve avanços nos últimos anos. “Através das redes sociais, as mulheres estão mais organizadas e têm mais acesso aos pensamentos e discussões de igualdade de gênero. Vejo o feminismo presente também em jovens e nas próprias crianças”, analisa.
Entre as iniciativas criadas nas redes sociais, está o grupo fechado no Facebook “Coletivo de mães feministas”, que conta com quase duas mil participantes. No espaço, as mulheres trocam experiência não só em relação à criação dos filhos, mas debatem sobre questões de gênero e direitos humanos. A empresária e jornalista Manuella Bezerra, 32, mãe do pequeno Pedro, 9, está entre as participantes. “Debato sobre questões de gênero desde cedo, quando tinha 17 anos. Mas naquela época não tinha dimensão do que é o machismo, como tenho hoje. E sei que ainda tenho comportamentos machistas, fruto da sociedade em que vivemos, mas procuro combatê-los e não repassá-los para o meu filho".
Felizmente, o esforço diário dessas mães está funcionando. A subcoordenadora regional da Secretaria da Mulher do Estado, Patrícia Sampaio, 41, que também é mãe de uma menino de 11 anos e de uma menina de 6, cita como exemplo positivo a reação vivenciada por um filho de sua amiga: “Ele brincava com um carrinho de bebê no parque, quando um adulto o abordou para dizer que aquela era uma brincadeira de menina. Ele respondeu de imediato: Oxente, e eu não vou ser pai?.’’
A pequena Riley de 5 anos, que mora em Nova York, fez sucesso na internet ao questionar o sexismo na indústria de brinquedos:
O comercial de uma marca de sabão veiculado na Índia, sobre a diferença de criação entre meninos e meninas, já foi compartilhado por internautas de vários países:
“Diferentemente do que muitos pensam, cor e brinquedos não definem gênero e orientação sexual. Ofereço todas as possibilidades ao meu filho. Ele adora carrinho e super-heróis, mas também gosta de brincar de varrer a casa, lavar os pratos e cuidar do seu bebê. E sei que isso contribui com a sua formação”, afirma a professora e jornalista Isabelle Sarmento, 32. Ela também conta que, por diversas vezes, já recebeu críticas de amigos e parentes por pensar dessa forma.
Segundo o antropólogo Sirley Vieira está comprovado que essas diferenciações impostas pela sociedade causam prejuízos na vida de mulheres e de homens. “A questão das cores, por exemplo, aparentemente é uma besteira, mas não é. A sociedade atribui a cor rosa à representação da delicadeza, suavidade e fragilidade. Já a cor azul é considerada mais forte, séria, fechada. Consequentemente, esses valores são repassados como padrão para os meninos e meninas”, explica Sirley Vieira, que também é coordenador executivo do Instituto Papai, ONG que trabalha com adolescentes e jovens questões de violência de gênero, paternidade e igualdade entre homens e mulheres.
O antropólogo explica ainda que, além de cores e brinquedos, os pais também repassam, mesmo sem perceber, vários comportamentos machistas para os filhos. “O menino pode sentar de perna aberta e não é criticado. Já a menina é repreendida quando age da mesma forma. Ou seja, o menino tem que mostrar a sexualidade, mas a menina deve se esconder o tempo todo. Isso pode causar problemas no futuro para a menina, que pode ter sua sexualidade reprimida. E também em relação ao entendimento do menino sobre sexo, com risco de refletir na violência sexual. Ele pode entender que precisa mostrar sua virilidade a todo custo, mesmo que a mulher não esteja disposta”, argumenta.
Feminista e educadora da ong SOS Corpo, Verônica Ferreira afirma que todos nós somos contaminados pelo machismo e por isso é importante repensar sobre nossas atitudes. "Somos vítimas de uma cultura patriarcal. O machismo se reproduz também entre as próprias mulheres, quando, por exemplo, uma critica a outra ou se auto-reprime. É por isso que uma das coisas mais poderosas do feminismo é a de poder fazer de você mesma o resultado da sua luta. Ao educar seus filhos longe de estereótipos sexistas, essas mães contribuem para um mundo igualitário."
Mãe das pequenas Lily e Maya, a advogada Wendy Fellows, 35, afirma que ela e o marido buscam desconstruir o que acham negativo na educação que receberam. “Educar é dar exemplo. Eu e meu marido dividimos nossas obrigações domésticas e também as nossas responsabilidades na educação das nossas filhas”, disse.
AVANÇOS - Apesar da luta contra o machismo ainda estar longe de ser vencida, a feminista Verônica Ferreira avalia que houve avanços nos últimos anos. “Através das redes sociais, as mulheres estão mais organizadas e têm mais acesso aos pensamentos e discussões de igualdade de gênero. Vejo o feminismo presente também em jovens e nas próprias crianças”, analisa.
Entre as iniciativas criadas nas redes sociais, está o grupo fechado no Facebook “Coletivo de mães feministas”, que conta com quase duas mil participantes. No espaço, as mulheres trocam experiência não só em relação à criação dos filhos, mas debatem sobre questões de gênero e direitos humanos. A empresária e jornalista Manuella Bezerra, 32, mãe do pequeno Pedro, 9, está entre as participantes. “Debato sobre questões de gênero desde cedo, quando tinha 17 anos. Mas naquela época não tinha dimensão do que é o machismo, como tenho hoje. E sei que ainda tenho comportamentos machistas, fruto da sociedade em que vivemos, mas procuro combatê-los e não repassá-los para o meu filho".
Felizmente, o esforço diário dessas mães está funcionando. A subcoordenadora regional da Secretaria da Mulher do Estado, Patrícia Sampaio, 41, que também é mãe de uma menino de 11 anos e de uma menina de 6, cita como exemplo positivo a reação vivenciada por um filho de sua amiga: “Ele brincava com um carrinho de bebê no parque, quando um adulto o abordou para dizer que aquela era uma brincadeira de menina. Ele respondeu de imediato: Oxente, e eu não vou ser pai?.’’
A pequena Riley de 5 anos, que mora em Nova York, fez sucesso na internet ao questionar o sexismo na indústria de brinquedos:
O comercial de uma marca de sabão veiculado na Índia, sobre a diferença de criação entre meninos e meninas, já foi compartilhado por internautas de vários países:
Fonte: http://m.noticias.ne10.uol.com.br/grande-recife/noticia/2016/03/07/machismo-tambem-se-combate-na-educacao-dos-filhos-600987.php?mfacebook
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