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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

PESSOA COM DEFICIÊNCIA: COMO DEVEM ME CHAMAR.



Autor: António Muniz

Neste tempo em que vivemos
Pus-me um dia a refletir
Na forma que a população
Adota ao se dirigir
Às pessoas diferentes,
Muitas vezes, me ponho a rir.

Lá pelos anos cinqüenta
Não sei se em Minas Gerais,
Nomearam os mais diferentes
Como excepcionais
Criaram uma associação,
Que hoje são as APAEs.

Não tinham voz e nem vez,
Nesse tempo os diferentes.
Eram como criancinhas
Chamadas deficientes.
Sua vontade não valia,
Nem seus desejos ardentes.

Mas, quem mandava então?
Professores, assistentes sociais,
Eram os fisioterapeutas,
Os técnicos especiais,
Controlando a vida
Dos ditos excepcionais.

Esse jugo levou tempo
E ainda hoje perdura!
Claro que evoluímos
Mesmo a luta sendo dura,
Já vemos deficientes
Mandando na Prefeitura!

Correram os anos sessenta,
E veio a integração.
Os alunos diferentes,
Tinham acesso à educação
Em classes especiais,
Mas não recreavam não.

Em meio aos anos setenta,
Houve uma revolução.
A ONU deu uma ajudinha
Pra esta transformação
Nos deram oportunidade
Pra que entrássemos em ação.

O ano de oitenta e um,
Foi o marco inicial
Agora nós já não éramos
Tidos como excepcional.
Deficiente era o nome
Mais corriqueiro e normal.

Em outubro daquele ano,
Em Recife houve um Congresso.
Mais de mil deficientes!
Isso aqui foi um sucesso!
Depois disso registramos,
Muito avanço e progresso

O ano de oitenta e oito
Não podemos esquecer
O ano da constituinte
Mudando a vida pra valer
Até o nome da gente
Pode um acréscimo receber.

Nós éramos deficientes,
Como aqui já foi falado.
Mas a Constituição,
Nos pôs um termo agregado:
Portadores de deficiência,
Eis aí o resultado.

Não pararam por aí,
Os muitos termos que temos.
Nos veio a LDB
Com a educação que vivemos
Herdamos expressão nova,
Que as vezes nem entendemos!

Somos pessoas portadoras
De necessidades Especiais
Foi o que a LDB
Definiu para estes tais
Aqueles deficientes
E as PPAH's

Que são PPAH's?
Meu Deus, que dificuldades!
São pessoas portadoras
De altas habilidades,
No Brasil, sei que há poucas,
Morando em nossas cidades.

Vieram os anos noventa
E com eles, a inclusão.
Tem que haver um compromisso
Também da educação.
É uma cultura nova
Que não sei se pega não.

Agora, ultimamente,
A Prefeitura e o Estado
Fizeram sutil mudança
No termo que é adotado.
Em vez de portadora, com,
Eu acho mais adequado.

Por fim, afirmo a vocês,
Como devem me chamar?
Chamem-me de cidadão,
Que assim muito certo está.
Respeito, isso é coisa boa
Pra quem recebe e pra quem dá.

Fonte: http://cadeirando.blogspot.com

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