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sexta-feira, 3 de abril de 2009

ELEITAS DUAS DEFICIENTES CADEIRANTES PARA A CÂMARA DE VEREADORES DE MACÉIO - AL




Sem sede que dê acesso a duas vereadoras portadoras de deficiência, Câmara de Maceió começa o ano "sem casa"
Carlos Madeiro
Especial para o UOL Notícias
Em Maceió (AL)
A primeira sessão ordinária de 2009 da Câmara de Maceió, capital de Alagoas, não será motivo de tanta celebração para os vereadores.

A nova legislatura, que tem como destaque o retorno de Heloisa Helena (PSOL) às atividades parlamentares, tem início nesta terça-feira (17/2), às 9 horas, com dois grandes problemas.


Rosinha da Adefal, foi a quinta vereadora mais votada em 2008

A eleição de Thaíse Guedes, 21, era menos esperada

Sede da Câmara de Maceió, que passará por reforma
Leia também: Câmara anterior criou 220 novos cargos e gerou gasto extra de R$ 4 milhões por ano O primeiro problema é encontrar um prédio capaz de receber as duas novas vereadoras deficientes físicas eleitas para a nova legislatura. Além disso, o Legislativo segue com uma indefinição jurídica quanto ao número de assessores que cada vereador tem direito.

Por conta da falta de acessibilidade do prédio-sede da Câmara, no centro da cidade, as sessões durante a primeira semana serão realizadas no auditório improvisado da Casa da Indústria. A Mesa Diretora já negocia, para depois do carnaval, com outros dois possíveis locais - O Tribunal de Contas do Estado e o Instituto Histórico e Geográfico. Um deles deve abrigar as sessões até que a reforma da Casa Mário Guimarães seja concluída.

A sede da Câmara de Maceió é um prédio histórico, localizado no Centro de Maceió. O local não possui estacionamento ou qualquer tipo de adaptação para deficientes físicos, o que sempre foi alvo de críticas das entidades que defendem pessoas especiais. Para se ter ideia do problema, o plenário da Casa fica no segundo andar do prédio, que não possui elevador. O prédio fere, inclusive, uma lei municipal que prevê acessibilidade em todos os órgãos e prédios públicos.


Com a eleição de duas cadeirantes, as vereadoras Roseane Cavalcante (PT do B) e Thaíse Guedes (PSC), o acesso delas às plenárias estaria comprometido. "Foi assim durante várias vezes nas sessões que discutiram assuntos de nosso interesse. Tínhamos de ser carregados por seguranças e pessoas que quisessem ajudar", reclamou Cavacante, que ao lado da nova colega tratou de revolucionar todo o Legislativo.

As duas vereadoras conquistaram os eleitores graças a trabalhos na Adefal (Associação dos Deficientes Físicos de Alagoas). Com mais de 8 mil votos, Roseane, mais conhecida como Rosinha da Adefal, foi a quinta vereadora mais votada na eleição de 2008.

O resultado das eleições em Maceió
Votação para prefeito e vereador em 2008Presidente da Adefal desde 2007, ela diz que buscará priorizar "ações de inclusão social, principalmente em favor dos menos favorecidos e das pessoas com deficiência".

A eleição de Thaíse Guedes era menos esperada. Atualmente com 21 anos, ela, aos 13, teve uma meningite mal diagnosticada. As complicações com a doença avançaram e fizeram ela ter de amputar as mãos e parte das pernas.

Depois do episódio, família Guedes iniciou uma batalha para conseguir apoio do poder público para tratamento das sequelas da filha. Thaíse recebe, a título de indenização, uma aposentadoria vitalícia de três salários mínimos, além de ter ganho, em primeira instância, a quantia de R$ 300 mil de indenização. O Estado recorreu e o caso segue no Tribunal de Justiça para análise.

Para a jovem modelo, o ingresso na Câmara e o trabalho tem um objetivo principal. "Entrei na política para que as pessoas não passem o que eu passei", afirma.

Reforma
Segundo o presidente da Câmara de Maceió, Dudu Hollanda, as obras de reforma da Casa Mário Guimarães devem começar em breve, embora não precise uma data. "O edital já está pronto e devemos começar o processo rapidamente", informou o vereador. O projeto prevê como única solução a construção de um elevador pelo anexo do prédio para deficientes.

Mas o processo em busca de um local que abrigasse as sessões não foi tão simples quanto o esperado - e só foi concluído na última semana. Isso porque, no início do ano, a ideia era tentar uma reforma que garantisse, em 45 dias, o acesso.

Ao ver que não seria possível, o presidente da Câmara decidiu então que as sessões poderiam acontecer na Assembleia Legislativa, que teve o prédio recentemente reformado.

Dada como "certa", a negociação travou. Segundo Hollanda, a Câmara procurou, por diversas vezes, o presidente do Legislativo estadual, Fernando Toledo (PSDB), que não teria respondido ao pedido do legislativo municipal. "Envie várias solicitações e nunca recebi resposta. O fato é que não pude esperar e busquei uma solução", afirmou o vereador.

Fonte: http://noticias.bol.uol.com.br/brasil/2009

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